Quadrilha Junina da Fazenda Sítio do Alexandre: Tradição e Resistência Cultural em Patamuté
- Ronie Junior
- 23 de jun.
- 2 min de leitura
A Quadrilha Junina da Fazenda Sítio do Alexandre, localizada no município de Curaçá, Bahia, teve sua origem no ano de 1999, a partir da iniciativa popular e do apoio da Escola Municipal Benigno Mendes da Silva, que na época desempenhava um papel central na comunidade. A quadrilha consolidou-se ao longo dos anos como um espaço de confraternização e alegria, sendo majoritariamente composta por idosos da região. Inicialmente, as apresentações ocorriam de maneira restrita à comunidade, funcionando como um ato de celebração coletiva durante os festejos juninos.

O impacto cultural da quadrilha tornou-se evidente quando a comunidade, ao testemunhar os dançarinos levantando poeira no terreiro de barro durante as noites de junho, reconheceu a importância desse movimento para a identidade local. Em resposta a esse reconhecimento, o governo municipal construiu, na sede da Escola Benigno Mendes, uma quadra de cimento destinada às apresentações culturais e à recreação dos alunos, fortalecendo a estrutura para a continuidade da manifestação cultural.
Por volta do ano de 2004, a quadrilha junina da Fazenda Sítio do Alexandre expandiu-se, contando com dois grupos distintos: um formado pelos alunos da escola e outro composto majoritariamente por idosos da comunidade. Este último ganhou grande destaque local, sendo reconhecido por suas coreografias bem elaboradas e figurinos confeccionados pelas próprias costureiras da comunidade. O engajamento da população foi fundamental para o fortalecimento da quadrilha, que passou a ser convidada para se apresentar em diversas localidades do município de Curaçá.
Ao longo dos anos, a quadrilha conquistou espaço nos principais festejos juninos da região, sendo presença constante nos eventos do padroeiro Santo Antônio, no distrito de Patamuté. Além disso, realizou apresentações em Poço de Fora, Barro Vermelho e na sede do município, tornando-se um símbolo da cultura e do pertencimento comunitário. Diferentemente das quadrilhas de caráter competitivo, a Quadrilha Junina da Fazenda Sítio do Alexandre manteve o foco na integração social e na valorização da história local, reafirmando seu papel como expressão genuína da identidade cultural da comunidade.
Com o passar dos anos, a quadrilha enfrentou desafios significativos, principalmente devido à perda de integrantes da terceira idade, que compunham grande parte do grupo. Muitos dos dançarinos, por limitações físicas ou falecimento, deixaram de participar, impactando a continuidade das apresentações. Essa redução de participantes representou um dos principais desafios enfrentados pela quadrilha, exigindo esforços contínuos da comunidade para sua manutenção.
Em 2018, a desativação da Escola Municipal Benigno Mendes da Silva trouxe mais um obstáculo para a quadrilha, uma vez que a instituição era um dos principais apoiadores da manifestação cultural. Com o fechamento da escola, os moradores passaram a matricular seus filhos em instituições localizadas no distrito de Patamuté ou no povoado de Mundo Novo, fragmentando a estrutura comunitária que sustentava a tradição junina. A pandemia da Covid-19, por sua vez, marcou outro período de inatividade, afastando ainda mais a quadrilha dos palcos e das celebrações locais.
A história da Quadrilha Junina da Fazenda Sítio do Alexandre reforça a importância das iniciativas comunitárias na preservação do patrimônio cultural imaterial. Mais do que um grupo de dança, essa quadrilha representa a memória e a identidade de um povo que, apesar dos desafios, segue lutando para manter viva sua tradição.
Por Ronie Von Barros da Cunha Junior








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