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Parabéns! A Grande Sátira do Servidor Público.

  • Foto do escritor: Ronie Junior
    Ronie Junior
  • 28 de out.
  • 2 min de leitura
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Ah, o Dia do Servidor Público! Essa data sublime em que se homenageia quem serve, e, de brinde, se lembra de que servir demais pode custar o emprego. 


Ah, o trabalho! Esse altar sagrado onde o homem oferece sua dignidade em troca de uma folha de pagamento e um tapinha nas costas no fim do expediente. Um espetáculo de ironia social digno de Aristófanes, com pitadas de tragédia moderna, servidores sendo brindados com a demissão como presente simbólico da “valorização profissional”. 


Weber, coitado, acreditava que o trabalho dignificava o homem, mal sabia ele que, séculos depois, essa dignidade seria parcelada em boletos e promessas não cumpridas. aqui, o trabalho o desgasta, o humilha e, no fim, o descarta com a elegância burocrática de um carimbo vencido. 


O que vemos? Uma sociedade de espectadores sonolentos, que assiste a tudo em silêncio, como quem assiste à própria execução transmitida em rede local. Direitos? Ah, que palavra engraçada! Férias? Só se forem eternas. Décimo terceiro? Um fantasma que aparece nos discursos e some nas contas. 


Mas o povo... o povo é sábio, dizem. Sábio e resignado, calado, domesticado. Aplaude o próprio infortúnio com o mesmo entusiasmo de quem assiste a um desfile cívico num sol de quarenta graus. “É assim mesmo”, murmuram, enquanto o contracheque se torna um documento arqueológico. 


E lá estão eles, os servidores, ou melhor, ex-servidores, celebrando o seu dia como quem comemora o próprio funeral.

“Eba! Férias!” 

“Que ingenuidade... estás dispensado.” 

“Décimo?” 

“Ah, esse se aposentou antes de ti.” 


Que civilização esplêndida! Conseguimos transformar o ato de servir em castigo e o direito em lenda urbana. O cidadão trabalha, o sistema engole, e o silêncio consente. 

Mas não sejamos injustos, há ordem, há método. Tudo feito dentro da mais pura legalidade da indiferença. Afinal, o servidor é público, o vexame também. 


E assim seguimos, celebrando entre aplausos e cinzas, um dia que deveria honrar quem sustenta a máquina, mas serve apenas para lembrar que a máquina continua funcionando, mesmo sem gente dentro. 


Por Ronie Von Junior 

 
 
 

1 comentário


Mari Oliveira
Mari Oliveira
28 de out.

Perfeito!!!!!

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